Café

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Cantata do Café
J. S. Bach /Picander

Silêncio, por favor!

Veja do que é capaz o amor
Lá vem o pai zangadão
E a loura filha, oh! Sedução!
Ele parece um macacão!
Vejam só que bela confusão.

ZANGADÃO: Leve o Diabo o matrimônio!
Minha filha é um demônio.
Filha impertinente, sem educação;
Não escuta reprimenda!
Minha filha não se emenda,
Não respeita o pobre pai!
Não acata o pobre velho pai!
Menina má, tão teimosa é:
Não bebas mais café!

LISETA: Paizinho, não sejas tão mau.
Se eu não beber o meu café
As minhas curvas vão secar,
As minhas pernas vão murchar,
Ninguém comigo irá casar.

Oh! Café, desperta meus desejos!
Oh! Café, melhor que mil beijos
Café, vinho do amor.
Café, tão doce ele é.
Só ele é meu sedutor!
Meu café, meu amor.

ZANGADÃO: Se não desistires do café,
Não mais te deixo cantar,
Jamais tu irás dançar!

LISETA: Ah! Ah! Com meu café
Eu estou feliz.

ZANGADÃO: Nem à janela chegarás,
Nenhum vestido comprarás:
Este é o teu castigo.

LISETA: Mas o café
Terei comigo.

ZANGADÃO: Dá-me os anéis,
Passa-me as jóias,
Devolve os brincos e o colar.

LISETA: Não quero usar essas pinóias,
Quero café, que faz sonhar.

ZANGADÃO: Não dou mesada, nem bombom,
Vais ver como isto é bom,
De mim nada tu herdas.

LISETA: Ah! Ah!
Café, e o resto é nada.

ZANGADÃO: És má, Liseta. Má.
O teu castigo chegará!

Oh! mulheres, vós sois serpentes
De unhas e dentes
Fingindo de inocentes!
Mas sempre haverá um meio
De ir ao nosso seio:
Beberás só o que eu mandar.

LISETA: Ai, meu pai, queres me matar!

ZANGADÃO: Meu Deus! Teu mundo enlouqueceu,
Ficarás solteira como eu.

LISETA: Oh, que horror!
Meu bom pai:
Solteirona a beber café!
Queres que eu deixe o meu café!
Troco o café por um maridinho.

ZANGADÃO: Pois tu terás um maridão!

LISETA: Já e já
Um maridinho vai me arranjar
Oh! meu pai, que bom você é!
Se tu me dás um bom rapaz
Meu lábio não tocará taça de café;
É no seu lábio que tu o verás,
Que eu irei sorver todo o café
Que o meu maridinho alegrinho beber.

Ai, meu bom pai,
O que eu quero mesmo é casar,
O café na cama virá;
Meu maridinho é quem o servirá,
Basta beijar e o seu café provar.

TENOR: Olhem só o papai, que papelão!
Ter que namorar pra bela filha
Um fogoso beberrão!

Beberrão de cafezinho!
Mas a Liseta faz saber
Que aceitará pra seu marido
Quem põe ao seu lado da cama
O café que tanto ama!

CORO: Tal como o gato caça o rato
As moças caçam seus ricos maridinhos,
Qual nossas mamãezinhas e vovós!
Quem tem filha pra casar
Bom café deve dar.

2 Comments:

At 8:04 da tarde, Blogger Micas10 said...

Gostaria de saber mais destas pessoas que receberam o visto de Sousa Mendes, uma historia para usar num futuro museu
Favor ver o blog da aldeia de Angelina Sousa Mendes, Beijós XXI, www.antoniopovinho.blogspot.com

 
At 4:20 da manhã, Blogger Café com letras said...

Infelizmente desconheço os nomes verdadeiros dessa família. Criei nomes fictícios para melhor contar a história. Gostava de ter tomado conhecimento do blog antonio povinho quando estava a escrever o romance. Muito teria ajudado. Obrigado.

 

Enviar um comentário

<< Home